Segundo o médico, ele respirava com a ajuda de aparelhos, e tinha dificuldade pra falar. Era horrível olhá-lo daquele jeito, todo machucado. A máquina ligada ao seu coração já estava em um ritmo lento. E eu já estava chorando. Me deixaram sozinha esperando que ele acordasse. E foram longos dez minutos até ele lentamente abrir os olhos.
- Lucas! – Arfei chorosa.
- Nic, meu anjo. Que bom que você veio. Eu não podia partir sem ver você, - Ele falava com dificuldade, fazendo pequenas pausas pra respirar, - Desculpa ter esquecido nosso aniversário. Sério, não foi por mal meu amor.
- Não tem problema. Sério, tá tudo bem. E não, não mesmo que você vai embora. Para de dizer isso!
- Sempre teimosa – Disse sorrindo – Eu só estava esperando você chegar pra me dar um beijinho de bom sono
- Não! Eu vou te dar um beijo de bom dia amanhã! Mas... Como isso aconteceu Lucas?
- Eu estava indo comprar um presente pra me desculpar. Um caminhão vinha na contra mão, eu bati, voei longe e acordei aqui. – Um nó se formou na minha garganta. Ai meu Deus! Se eu não tivesse sido tão cabeça dura, - Nem faz essa cara de culpa – Me repreendeu – Mas era difícil não me sentir assim.
- Se eu não tivesse brigado, se eu tivesse entendido. Não teria acontecido – Disse soluçando
- Hey, para! Se eu tivesse lembrado também não teria acontecido. Não vamos perder tempo com quem é culpado. Eu não tenho tanto tempo assim. – As lágrimas escorreram como cachoeira em meu rosto. – Não chore meu anjo. Eu sempre vou estar por perto. E agora tem uma vantagem, eu vou saber todas as respostas das provas e posso te dar cola, - Ele era impossível, não deu pra não sorrir. – Eu sempre vou cuidar de você minha Cosabella. Mas acho que chegou minha hora agora. – Ele também chorava, mas era bom em se controlar. Eu não.
Eu segurei mais forte sua mão, abaixei a cabeça e encostei nossos lábios. Foi realmente o último beijo, dava pra sentir a saudade, a emoção e a dor. Muita dor. Quando acabou, tudo que eu conseguia dizer era tudo que precisava ser dito.
- Eu te amo Lucas. – Declarei em meio as lágrimas e os soluços.
- Eu também te amo. O amor verdadeiro é eterno, lembra? Eu sempre vou te amar. Agora eu vou descansar, tchau meu anjo. – Ele sorriu e fechou os olhos. A máquina ligada ao seu coração parou em uma única linha. Ele se foi. Meus joelhos cederam, caí no chão... Chorando. E o mundo se perdeu em meu desmaio.
Acordei na minha cama, já era noite. Podia sentir os olhos inchados. Era difícil aceitar a idéia de viver sem o Lucas. Relutante, levantei a cabeça e percebi que tinha algo na mesinha ao lado da cama. Uma rosa, uma rosa branca. E um bilhete ao lado:
“ Feliz aniversário de namoro atrasado. Essa rosa é o único presente que eu posso te dar agora. Sempre estarei cuidando de você. Não chore mais meu anjo. Estaremos juntos... Vida a vida, morte a morte! Eu te amo.
L – “
Meus olhos encheram de lágrima, mas um sorriso brotou em meu rosto. Com o bilhete colado ao coração e a rosa do meu lado em cima do travesseiro. Fechei os olhos e sussurrei “Eu te amo” ao céu.
Vida a vida, morte a morte... Como ele falou. Algum dia estaremos juntos novamente. E talvez eu até possa adianta isso...
FIIIM